O Sanda Mudou. Como Se Adaptar Às Mudanças?

O sanda mudou com o passar dos anos e continua mudando. Quer saber como comparar o desempenho no passado e no presente de acordo como essas mudanças para melhorar seus resultados?

Logo após publicar este artigo aqui, recebi um feedback do Lucas Sorin, atleta da seleção brasileira.

Isso me deixou bastante empolgado porque mostra que podemos ter um debate sadio e maduro sobre o sanda brasileiro.

Discordar de ideias não é desrespeito e a crítica às ideias não deve ser levada pelo lado pessoal.

E o Sorin levantou questões muito importantes que precisam ser tratadas com mais profundidade.

Uma delas foi: será que podemos comparar gerações diferentes do Sanda do Brasil? Será que uma medalha conquistada hoje tem o mesmo peso que a mesma medalha conquistada anos atrás?

Afinal, o sanda mudou ao longo do tempo. Por isso você precisa avaliar como você e sua equipe se comportam frente a essas mudanças.

Assim, você saberá como fazer uma autoavaliação para se adaptar e ter resultados cada vez melhores!

Por isso, neste artigo vamos usar o Brasil como exemplo para que você saiba como se adaptar às mudanças do sanda.

É Preciso Entender O Contexto Do Sanda Em Cada Período

Para comparar gerações diferentes do sanda temos que levar em conta que o sanda mudou com o passar dos anos.

Assim, vamos fazer as análises considerando uma geração em relação ao sanda do seu próprio tempo.

Não podemo comparar duas gerações diferentes do brasil de forma simplista porque o sanda mudou. E está sempre mudando.

O que podemos fazer, então, é comparar como cada geração se saiu dentro do contexto daquele período específico.

Por exemplo… Quando o Brasil teve seu primeiro campeão, no primeiro mundial (1991), o sanda ainda era recente para todo o mundo.

Mesmo para a China ainda era uma coisa nova. As regras oficiais foram criadas somente em 1982 e a primeira competição nacional 3 meses depois.

Por isso o nível do sanda mundial naquela época era outro, não só o do Brasil.

E sendo algo recente a quantidade de países e atletas participantes certamente era menor, portanto a competitividade também era menor.

Uma Coisa Que Mudou No Sanda Foram As Técnicas

Hoje a competição é muito maior e mais competitiva, são muito mais países e atletas.

E a modalidade em si se desenvolveu muito. Técnicas comuns hoje não eram utilizadas há 10 ou 15 anos. E algumas técnicas que eram usadas naquela época hoje já não se vê muito.

Afinal, regras mudaram e com elas o jeito de lutar. Inclusive a interpretação correta ou não das regras interfere na forma de lutar.

Tanto que não era incomum os atletas serem pegos meio que de surpresa porque no Brasil tínhamos outra interpretação de algumas delas.

Assista o vídeo logo abaixo para entender como isso me afetou no meu primeiro campeonato mundial.

Assim, não é possível comparar gerações diferentes e dizer que uma é melhor do que outra porque o sanda mudou!

O que pode ser feito é comparar o que cada geração conquistou em relação ao contexto daquela época ou competição que elas atuaram.

O Sanda Mudou E Ficou Mais Competitivo Que No Passado

Por tudo isso, será que uma medalha conquistada hoje equivale à mesma medalha em outra época?

Saber sobre isso depende de outros dados, como o número de lutas e competidores em cada categoria.

Mas com poucos competidores é teoricamente mais fácil conquistar uma medalha. Em algumas competições, às vezes o atleta faz uma única luta, perde e mesmo assim já é premiado.

No início os campeonatos mundiais eram menos competitivos, pois havia menos países e atletas participando.

Com o passar dos anos a modalidade se desenvolveu cada vez mais e hoje ela é muito mais competitiva.

Por isso tecnicamente o sanda mudou e o Brasil acompanhou as mudanças. Hoje praticamente qualquer aluno iniciante aprende técnicas que no passado só atletas das melhores escolas usavam. Ou nem isso.

Portanto, nesse aspecto o Brasil evoluiu em relação a si mesmo. Mas evoluir não significa necessariamente ser melhor.

Novamente: tudo tem que ser visto dentro do seu contexto. É mais importante que uma equipe ou atleta consiga exercer o seu potencial dentro do seu contexto.

Dito de outra forma, o importante é conseguir encher seu copo e não encher o copo de quem vive uma época em que o copo é maior.

Então é preciso avaliar se uma equipe conseguiu bons resultados dentro do nível do sanda da sua época.

Assim podemos comparar quem desenvolveu melhor o seu potencial em relação ao seu tempo. Assim podemos comparar como estamos caminhando.

Não para dizer que uma geração é melhor que outra, mas para ajustar o trabalho quando percebermos que o resultado está aquém do que queremos.

No Alto Rendimento Superar A Si Mesmo Não É Suficiente

Porém, estamos comparando Brasil com Brasil. Em relação a si mesmo o Brasil evoluiu sim em vários aspectos, não só em termos de luta.

A estrutura organizacional melhorou, as competições são muito mais bem organizadas. Pelo menos nos campeonatos brasileiros hoje temos equipamentos oficiais.

Mas no alto rendimento não basta evoluir em relação a si mesmo. É preciso evoluir em relação aos seus concorrentes.

Assim como o Brasil evolui, todos os outros países evoluem também. Isso contribui para o aumento da competitividade.

Por isso, o que faz diferença é o quão rápido você consegue evoluir e o que você faz para isso.

Se os seus concorrentes evoluem na mesma velocidade que você, seu nível se mantém em relação a eles. Se você evolui mais rápido, você irá não só ultrapassá-los, mas aumentar a sua distância para eles.

Mas se eles evoluem mais rápido, você fica para trás. É o que aconteceu com o Líbano em relação ao Brasil de 2017 para 2019.

Assim como o Brasil, em 2017 o Líbano conquistou apenas uma medalha de bronze. Só que em 2019 o Líbano conseguiu um ouro, uma prata e três bronze, enquanto o Brasil apenas um bronze e uma prata. 

Não, o importante não é participar. Era quando atletas profissionais não podiam participar dos Jogos Olímpicos (até a década de 1980).

No alto rendimento o importante é vencer! Se você só quer participar e dar o seu melhor, não busque o alto rendimento. No alto nível é preciso superar mais do que só você mesmo/mesma.

Então precisamos analisar os resultados de uma equipe ao longo do tempo em relação a si mesma, ao contexto da época e aos seus adversários.

Dessa maneira você consegue avaliar a sua evolução ou dos seus alunos ao longo do tempo.

Como Ter Um Cronograma Com Metas E Medidas De Avaliação

Precisamos nos espelhar nos resultados do Brasil e no que acontece no mundial, que é o nível mais alto de competição.

É necessário um programa com metas, cronograma e medidas de avaliação para saber se estamos atingindo os objetivos.

O ideal seria que houvesse um programa nacional assim, que através das federações atingisse todas as escolas.

Mas enquanto isso não existe, da maneira como eu idealizo, você não precisa ficar de braços cruzados apenas esperando o dia que acontecer.

Você não precisa esperar vir de cima para baixo. Podemos começar de baixo para cima, na base da pirâmide para depois atingir o topo, que são as organizações.

E preciso ter iniciativa e a atitude de arregaçar as mangas e fazer acontecer. Quando os resultados estiverem aparecendo, chamará a atenção de outras pessoas e até das federações.

Se todos fizermos isso, o nível do Brasil vai subir como um todo, não só de uma ou outra escola.

Por isso temos que analisar o nosso histórico. Afinal, o sanda mudou e continuará mudando com o tempo. Portanto precisamos saber como nos adaptar no presente e também como fazer isso no futuro.

Eu estou empenhado nisso e em ajudar quem quiser seguir esse caminho também.

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