Nada mais corriqueiro numa longa jornada em artes marciais do que alunos entrando e saindo das academias. Isso é absolutamente normal, pois as pessoas tem diversos motivos para aderirem à prática de atividades físicas. Da mesma forma, existem inúmeros motivos para abandonar a academia, especialmente as crianças. Então o que fazer quando a criança desiste das artes marciais?
Por que as crianças desistem de aprender
Uma das coisas que mais me chama a atenção na minha trajetória é o número de crianças que abandonam a prática. Por mais natural que seja a menor parte dos alunos continuar a praticar por anos, esse número poderia ser maior. Existe um motivo principal pelo qual essa quantidade se mantém menor do que poderia ser. É porque pouquíssimos professores de artes marciais são especializados no ensino. Poucos sabem sobre métodos de ensino, treinamento e sobre como adaptar as aulas para públicos diferenciados sem perder a qualidade e as características das artes marciais. E isso afeta especialmente as crianças.
Um dos maiores responsáveis por fazer com que pouquíssimas crianças permaneçam na prática de artes marciais (bem como outras atividades físicas, música, etc.) é um processo chamado de especialização precoce. Ele está ligado à ignorância em relação a aspectos como desenvolvimento infantil e processo de ensino-aprendizagem. Isso faz com que os professores deem aulas para crianças da mesma maneira, ou quase, que para os adultos, tentando transforma-las em especialistas antes do tempo. Então inevitavelmente chega o momento quando a criança desiste. A própria ideia de treinamento não é muito adequada para crianças.
O que fazer quando a criança desiste
O mais importante para pais e professores de crianças é saber que elas estão em fase de desenvolvimento. Elas precisam desenvolver suas habilidades motoras, cognitivas, coordenativas e estão em idade de experimentar. Então quanto mais atividades diferentes elas puderem ter contato, melhor será para seu desenvolvimento motor e cognitivo.
É aí que uma boa educação física escolar faz a diferença. Mas também é responsabilidade de profissionais que atuem em atividades extras curriculares, seja dentro ou fora da escola. E como os professores de artes marciais se encaixam neste grupo, é necessário que tenham preparo para tal.
Então, não importa se são artes marciais, dança, natação, música ou o que for. Quando a criança desiste das aulas é importante ouvir seus desejos e os motivos pelos quais ela quer parar. Eu presenciei inúmeras vezes pais levando seus filhos para conversar com o professor para que este tente convencê-los a continuar. Mas a criança tem medo da autoridade e às vezes não se sente à vontade para falar para os pais o porquê de quererem parar ou mesmo dizer não aos seus desejos. Muito menos para o professor. Então caso não seja um profissional que seja bom de conversa e que entenda as crianças, é melhor nem levá-las para conversar com ele.
O bem estar da criança em primeiro lugar
Se uma criança não quer mais aprender, entenda que o bem estar dela vem em primeiro lugar. Muitas vezes os pais gostam tanto de alguma coisa que querem que os seus filhos também gostem e pratiquem. Porém, nem sempre isso acontece. Professores também tendem acreditar que suas aulas são o melhor para as crianças e querem mantê-las. Entretanto, quando isso acontece o professor tem uma ótima oportunidade de questionar e repensar sua prática docente.
Seja você pai ou professor, pense sempre no melhor para as crianças, talvez elas queiram experimentar outra coisa e se sintam melhor em outra prática. Talvez elas até se sintam bem praticando a mesma coisa, mas em outro lugar, com outros professores. Ainda não é o momento de iniciar em uma atividade e ir até o fim. Lembre-se que elas estão na idade certa para trocar de atividades muitas vezes. E pode ser que depois de alguns anos experimentando ela decida que o que ela gosta mesmo é arte marcial. Ou não.
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