Encontrar bons professores de artes marciais é uma tarefa complicada, por isso é preciso algum tipo de critério para identificá-los. Recentemente eu apresentei um critério que para mim é muito óbvio, a importância do professor se manter treinando. Neste artigo apresento mais um dos critérios que eu considero importantes para se avaliar um professor: o estudo constante. Mas antes, é preciso frisar que nem todos os professores atenderão a todos os meus critérios, isso é normal. Se ele/ela atender a todos estes critérios, ótimo! Se obedecer a maioria, isso é bom também. Mas se atender a poucos deles, aí temos um problema… E se este último for o caso, é imprescindível que o(a) professor(a) estabeleça uma rotina de estudo constante. Estudar poderá resolver vários dos outros critérios. Porém, se não estudar, talvez seja melhor procurar por outros professores…

O Que o Professor Deve Estudar?

Existem vários conteúdos que devem ser estudados para que o professor exerça um trabalho de qualidade. Normalmente, as escolas de artes marciais são administradas pelos próprios professores e às vezes são eles quem fazem o marketing. Só que embora estes conhecimentos sejam importantes e necessários para muitos professores, estas tarefas não se relacionam com o ato de ensinar, não sendo necessário ser professor para realizá-las. Então os conteúdos que devem ser estudados para ensinar são conteúdos que possuem relação com a atividade docente.

Existem muitos conteúdos que se relacionam com as artes marciais. Muitos professores estudam bastante sobre a história, porém ela não é suficiente. Além disso, é preciso tomar cuidado com as fontes, pois muitas são duvidosas. Porém se os professores souberem como usá-la, eles podem não só ensinar a história, mas contextualizar a prática. Isso é um auxílio poderosíssimo para o aprendizado. Para isso e muito mais, é preciso ter boa didática. Assim, se torna necessário estudar metodologias de ensino e processo de ensino-aprendizagem, pois para que o aluno aprenda melhor o professor precisa entender como o aprendizado acontece.

É preciso também uma base mínima de psicologia relacionada à educação e às atividades físicas. Por não possuir este conhecimento, muitas vezes os professores falham fazendo ou dizendo o que não devem. É bom entender um pouco de sociologia para compreender as artes marciais como fenômeno social e como elas se modificam conforme as mudanças nas sociedades. Conhecer o contexto cultural do país de origem e do país de inserção é também muito importante para que os praticantes compreendam o fenômeno da melhor forma possível.

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Conteúdos Negligenciados por Professores de Artes Marciais

Embora os conteúdos acima não sejam tão óbvios, existem outros que se relacionam mais diretamente com as artes marciais. São conteúdos que se referem à prática em si e que costumam ser negligenciados. São a fisiologia, anatomia, biomecânica, cinesiologia e, claro, filosofia e teoria das artes marciais que merecem um espaço destacado neste artigo.

A fisiologia e a anatomia estudam as partes do corpo, suas funções e seu funcionamento, enquanto a biomecânica e a cinesiologia são estudos do movimento. O estudo constante destes conteúdos permitem que os professores entendam o que estão fazendo. Isso evita a prescrição de treinos inadequados que não atendem as especificidades da prática ou que lesionam os alunos. Infelizmente, muitos professores acreditam que a maneira como aprenderam é a única correta e que funciona para todos os praticantes. Isso não é verdade e é por este motivo que muitos alunos adquirem lesões com pouco tempo de treino e não alcançam os objetivos almejados.

Filosofia e Teoria de Combate

estudo constante

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Assim como a cultura de origem, é necessário compreender as filosofias por trás de determinada arte marcial para que se possa aprendê-la de fato. Para aprendê-la por completo é preciso ter a compreensão das suas diferentes facetas e aí reside a importância da filosofia nas artes marciais. Existem pessoas e até professores que não se interessam de fato pela filosofia, utilizando-a apenas como um rótulo, como um chamariz. Neste caso, acredito que seja melhor deixar a filosofia de lado e ser autêntico, ensinando aquilo que de fato acredita. Ser verdadeiro evita frustração por parte do aluno e dor de cabeça para o professor.

Por último, o estudo constante da teoria das artes marciais faz com que a técnica não caia em mera repetição de movimentos sem sentido. Infelizmente, o ensino de artes marciais se caracteriza por um punhado de movimentos desconexos e impossíveis de serem aplicados. Isso se dá pela falta de estudo sobre os princípios que regem aquele sistema. Portanto é preciso estudar a teoria da própria arte marcial e compará-la com as teorias de outros estilos. Isso permite compreender a sua própria arte marcial em relação a outras, bem como incorporar conceitos importantes de outras artes marciais. Afinal, cada arte marcial foi criada para aperfeiçoar ou combater outros sistemas. E como orienta SunTzu, “se conheceres o inimigo e a ti mesmo, não temas o resultado de cem batalhas”.

Como Saber Se o Professor Mantém o Estudo Constante?

Talvez esta seja a parte mais importante do artigo para o aluno, afinal, de que adianta saber o que o professor deve estudar se você não tiver como saber se ele estuda? Mesmo que você não possa vigiar um professor o tempo todo, não é difícil saber se ele ou ela estuda. Na verdade é bem simples, faça perguntas, questione. Tradicionalmente, professores de artes marciais não gostam de ser questionados. Em algum momento isso fez sentido nos países de origem, mas hoje em dia isso está muito mais relacionado com a insegurança por carência de conhecimento.

Quando eu falo sobre questionar, não quero dizer desrespeitar quem ensina ou desafiá-lo, mas perguntar o porquê das coisas. Quem estuda muito sobre um assunto adora falar sobre aquilo, portanto adora responder perguntas. Por outro lado, quem não estuda arruma um jeito de se esquivar. Uma maneira de se esquivar é enrolando o aluno, dando meias-respostas ou deixando para depois. Outra forma de esquiva é censurando e boicotando o aluno por questionar. Não tenha medo de fazer perguntas, porém lembre-se de fazer de uma maneira respeitosa. Aproveitando que estamos na era da internet, faça suas próprias pesquisas, converse com outras pessoas e leve o que descobriu para debater com o professor. Se a resposta te satisfizer, então provavelmente este professor estuda, se não… Bem, talvez seja melhor continuar a busca.

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