Muitas escolas de artes marciais chinesas foram desenvolvidas nas montanhas. Song Shan, onde está localizado o Templo Shaolin e Wudang Shan, localidade do Templo Wudang, são as mais famosas no mundo todo. Mas uma das montanhas mais famosas na China é a montanha Emei (Emei Shan). É de lá que vem o Emei Qiang Fa (“A Arte da Lança de Emei”), manual escrito por Cheng Zhen Ru.

É difícil saber quando exatamente foi escrito, mas é certo que tem por volta de 350 anos. Ele foi encontrado, também, dentro de uma compilação famosa, o Shou Bi Lu, escrito em algum momento entre o final da dinastia Ming (1368-1644) e início da dinastia Qing (1644-1911/12).

Estrutura do manual A Arte da Lança de Emei

O manual é composto da introdução e 13 capítulos que tratam do domínio do corpo, da mente, estratégia, das técnicas em si, como empregá-las contra outras armas, entre outros temas essenciais para o domínio das técnicas, mas que transcendem a própria técnica. Os capítulos conforme a ordem do livro são:

1.Capítulo do Domínio da Mente;

2.Capítulo do Domínio do Corpo;

3.Capítulo da Calma;

4.Capítulo dos Movimentos;

5.Capítulo do Ataque e Defesa;

6.Capítulo da Avaliação Situacional;

7.Capítulo do Cenário e Posição;

8.Capítulo das Abstinências;

9.Capítulo das Técnicas Defensivas;

10.Capítulo das Técnicas de Estocada;

11.Capítulo da Vitória Sobre Diversas Armas;

12.Capítulo das Técnicas do Corpo e das Mãos;

13.Capítulo dos Fundamentos.

lança de emeiÉ descrito um total de 30 técnicas divididas em 12 no Capítulo das Técnicas Defensivas e 18 no Capítulo das Técnicas de Estocada. Entretanto, apesar dos nomes estas técnicas não estão de fato divididas em técnicas de defesa e de ataque. Conforme o próprio autor, tanto as técnicas defensivas quanto as de estocada são utilizadas tanto para defender quanto para atacar.

Isso está de acordo com o princípio de que nas artes marciais ataque e defesa constituem uma única ação. O ataque está contido na defesa e a defesa está contida no ataque. Assim, conforme a minha atual interpretação a divisão das técnicas é de acordo com quem toma a iniciativa.

Introdução de Cheng Zhen Ru Para A Arte da Lança de Emei

A história d’A Arte da Lança de Emei é interessante. Na sua introdução, Cheng conta como ele e um monge itinerante vieram a aprender com o monge Pu-en.

Há muito tempo atrás Chi-You traiu as leis celestiais e uma guerra começou no distrito de Zhuolu. As armas começaram a ser utilizadas em batalhas. A partir de então, houve expedições punitivas. Gan Jiang, Mo Xie, Feng Hu, Xue Zhu e Pu Yuan*, utilizando suas habilidades brilhantes de forja criaram inúmeras armas para os exércitos.

Aqueles que falam sobre artes marciais irão definitivamente considerar a lança como o Rei (das armas)**. E a lança serve como um portão de entrada para várias outras armas, como o Bastão de Bambu da Família Sha e a Lança Seis Harmonias da Família Ma.

Avançar e recuar, empregar emboscadas inesperadas, saltar e fazer espirais são habilidades de alto nível. Entretanto, os movimentos são grandes e lentos e não são facilmente aplicáveis a não ser em territórios de marcha lenta. Se alguém encontrar uma situação perigosa será difícil se defender. Se tiver que enfrentar inimigos num ambiente estreito, ficará restrito e impossibilitado de executar os movimentos. Mas a lança curta, independente de áreas amplas ou pequenas, territórios irregulares ou planos, é sempre bem sucedida em superar o perigo. A lança curta é realmente uma grande habilidade.

A paz foi desfrutada por muito tempo e a prática de artes marciais começou a enfraquecer. Poucas artes foram passadas adiante. Na montanha Emei da província ocidental de Sichuan o monge Pu-en, de Bai-mei, encontrou um indivíduo talentoso e dele aprendeu a arte da lança. Ele instalou um aparelho num quarto vazio e praticou por dois anos. Sob Iluminação a arte da lança foi criada. Viajando por todos os lugares não existe outra arte da lança que seja similar.

Eu viajei para a província Sichuan para ter uma discussão (com o monge Pu-En). O monge Pu-en sempre concordava em discutir muitos tópicos, mas quando eu levantava questões sobre artes marciais ele ria e nunca respondia. Eu percebi que sua intenção era procurar por discípulos apropriados, então eu e o monge itinerante de Jing-jiang passamos pelo ritual de aprendizagem para formalmente aprender do monge Pu-en.

O monge Pu-en nos ordenou a ir para as montanhas buscar lenha. Depois de dois anos o monge Pu-en riu e disse: “vocês dois diligentemente provaram a si mesmos e agora podem avançar para o próximo estágio. Eu tenho uma arte da lança que consiste de 18 estocadas e 12 técnicas defensivas. Cada movimento funde ataque e defesa em um. É capaz de derrotar todas as várias artes marciais. Embora vocês tenham cortado lenha por muito tempo e suas mãos estejam bem treinadas, vocês não percebem que os movimentos do seu corpo e braços se desenvolveram durante o tempo em que vocês estiveram colhendo lenha.”

Em seguida, o monge Pu-en nos ensinou os pontos cruciais do movimento e da quietude, de avançar e parar assim como o uso inteligente da velocidade alta e baixa com ataque e defesa.

Depois de um longo tempo eu retornei para o sul para visitar a Lança da Família Sha e o Bastão e a Lança da Família Ma novamente. (Eu compreendi que) essas artes eram baixas. Comparadas com as técnicas do meu professor essas artes estavam muito aquém.

Para não esquecer minhas raízes quando eu me refiro às minhas técnicas eu devo chama-las de “Arte da Lança de Emei”. Não é para ser exibida descuidadamente a outros. Esta preciosa arte deve ser valorizada.

Pelo discípulo Cheng Zhen Ru,

distrito de Hai-yang.”

Introdução da Arte da Lança de Emei. Tradução livre de “The Art of E’mei Spear”, traduzido do original para o Inglês por Jack Chen.

*Gan Jiang, Mo Xie, Feng Hu, Xue Zhu e Pu Yuan eram antigos fabricantes de armas.
**Os chineses consideram a lança como o rei das armas e se referem a ela como a origem das técnicas de mão.

Como Aprender a Lança de Emei

Embora descritivo e de linguagem direta, A Arte da Lança de Emei não é fácil de ser interpretado. O fato de não possuir ilustrações pode dificultar, mesmo que não seja escrito em linguagem metafórica.

Sendo assim, é necessário muito estudo, prática constante com um parceiro e um bom método de treino para experimentar diferentes situações de combate e descobrir em quais situações surgem cada uma das técnicas. Esta é a melhor maneira de compreender as técnicas deste manual.

Mas agora, depois de 5 anos de estudo deste manual, é hora de ensinar esse conteúdo. Eu desenvolvi um método de treino e de ensino que permite estudar suas técnicas!

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